Resposta à tua pergunta
Foi a aflição mais longa que eu já vi.
A primavera se espremeu em verão e o verão
já perdia seu vigor
e a mesma escuridão ainda cobria tudo.
Como um alpinista invertido
descobri que debaixo de cada fundo
abre-se outro. Não,
falar não dá grandes prazeres e
não há quase mais nada pra descobrir:
você rema nos longos dias
como um autômato, reúne toda força
para a menor da demandas, percebe
que é teu somente teu, mais
do que tudo que já foi teu, sai
depois de três — ou quatro? — dias fechada
e se espanta com tanto ruído e luz.
Também te encaram espantados,
depois machucam. Ao meio-dia você
já se arrebata pela ânsia da noite,
uma hora dura um ano, você
pensa apenas em dormir, por fim
você desaba agradecida sobre a cama:
tua garganta amordaçada, mas
a pequena morte ainda se entrega, sepulcro da vida cotidiana, banho das lides dolorosas, bálsamo —
como acabou? Simples,
como começou. Num dia súbito
isso te joga de novo na praia.
Uma brisa leve, a cor ao teu redor
se aclara, tuas pernas tremelicam na areia,
a língua volta pra você. Mão você não
esquece: esse olhar paciente
nunca te perde de vista.
A primavera se espremeu em verão e o verão
já perdia seu vigor
e a mesma escuridão ainda cobria tudo.
Como um alpinista invertido
descobri que debaixo de cada fundo
abre-se outro. Não,
falar não dá grandes prazeres e
não há quase mais nada pra descobrir:
você rema nos longos dias
como um autômato, reúne toda força
para a menor da demandas, percebe
que é teu somente teu, mais
do que tudo que já foi teu, sai
depois de três — ou quatro? — dias fechada
e se espanta com tanto ruído e luz.
Também te encaram espantados,
depois machucam. Ao meio-dia você
já se arrebata pela ânsia da noite,
uma hora dura um ano, você
pensa apenas em dormir, por fim
você desaba agradecida sobre a cama:
tua garganta amordaçada, mas
a pequena morte ainda se entrega, sepulcro da vida cotidiana, banho das lides dolorosas, bálsamo —
como acabou? Simples,
como começou. Num dia súbito
isso te joga de novo na praia.
Uma brisa leve, a cor ao teu redor
se aclara, tuas pernas tremelicam na areia,
a língua volta pra você. Mão você não
esquece: esse olhar paciente
nunca te perde de vista.
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